O trabalho de actores é notável neste filme. É óbvio falar na composição de Day-Lewis, mostrando a cada olhar a ebulição de ódio e desprezo no interior de Daniel Plainview, mas é de referir também o jovem Paul Dano. Em nada fica atrás de Day-Lewis, interpretando um pastor fundamentalista, fundador da Igreja da Terceira Revelação, assumindo-se como curador e veículo para a palavra de Deus. Notável como consegue fazer frente a Day-Lewis em cada cena onde se cruzam , notando também uma grande química entre os dois actores a que não deve ser alheio de PT Anderson como realizador. É fácil ignorar esta interpretação, classificando-a como “menor” face ao outro “monstro” presente no ecran, mas Eli Sunday é um “monstro” diferente. Faz-se valer e atinge os seus objectivos com as armas contrárias de Plainview. Usa a palavra doce e o olhar meigo onde o prospector é rude e curto no trato. Os dois juntos na mesma cena ofuscam qualquer actor que tenha o azar de estar por perto.
PT Anderson não teve o dinheiro que queria para este filme, o que me faz perguntar: o que faria ele se tivesse? É notória ausência de gruas ou outros mecanismos para movimentar a câmara de um lado para o outro (a steady-cam é presença nos locais onde é necessária, mas além disso pouco mais)
A banda sonora é poderossísma, Jonnhy Greenwood prova que que a AMPAS precisa de rever os critérios para nomeações ao Óscar de melhor banda sonora original. Reflecte na perfeição a tortuosidade da alma de Plainview e, no entanto, não deixa de ter momentos de calma, propícios aos planos contemplativos que PT Anderson de vez em quando encaixa no meio da narrativa.Diferente de Magnolia, Boogie Nights, Punch Drunk Love e, no entanto, mantém a mesma ligação umbilical com os trabalhos anteriores de Anderson. Todos se debruçam sobre a figura humana, seja para analisar o poder do Amor, a decadência da extrema riqueza conseguida com pouco esforço ou a necessidade desesperante de uma ligação com mais alguém. Aqui Anderson mostra-nos o lado lunar de uma alma humana, ao mesmo tempo que inscreve o seu nome na restrita lista dos cineastas que podem ser considerados Génios. Pode não ser um Citizen Kane, mas anda lá perto com toda a certeza.







Pode estar uma boa actriz em Soraia Chaves, consegue manter uma boa quimica com Nicolau Breyner. É certo que existem exageros neste filme, as cenas de sexo são descabidas e a raiar o soft-core, talvez um pouco mais de bom gosto fosse necessário para não deixar o filme descambar para o mediatismo e imediatismo de mostrar os seios da Soraia Chaves.
Cloverfield esteve envolvido numa névoa de mistério até bem perto da sua estreia. Tudo para que os “habitantes da internet” tivessem algo para fazer enquanto o mais recente patch para o Warcraft não ficava disponível. Na verdade foi isto que aconteceu: O trailer apareceu antes da exibição do Transformers apenas com a data de estreia e o nome do produtor, JJ Abrams. Para muitos dos fãs de Alias e Lost, o nome JJ Abrams envolvido num projecto cinematográfico com explosões, gente a correr e um mistério por resolver deve ser o equivalente a uma noite de sexo louco com a Gisele Bundchen, Scarlett Johansson e Soraia Chaves. Ao mesmo tempo. O secretismo que envolveu a produção e mesmo a campanha de marketing viral é o grande segredo para o sucesso do filme. De outra forma, Cloverfield seria visto como aquilo que realmente é: Uma cópia de outros filmes do género, com o twist de vermos a acção através de uma câmara encontrada depois de os factos documentados terem ocorrido. Mas espera aí, onde é que eu já também vi isto? Ah pois, Blair Witch. E quem é que ainda fala de Blair Witch como um grande momento da história do Cinema? Nínguem? Precisamente. Acho que posso resumir este filme numa frase: Godzilla “meets” Blair Witch como se tivesse sido realizado por um Michael Mann epiléptico. Com o devido respeito ao sr. Mann...



