Gostei do filme. Digo-o sem qualquer preconceito pseudo-intelectual de critico que pretende passar um sério apenas fazendo criticas negativas. É certo que Call Girl tinha muito potencial para ser um verdadeiro policial, um film noir português, mas o facilitismo em que cai não é mau demais para se sair da sala de cinema mal disposto e a pensar no futuro do cinema português como algo apenas demasiado criptico e a almejar, acima de tudo, a mensagem. Pois bem, a mensagem está nos filmes mais insuspeitos de a conterem e, normalmente está presente apenas no subtexto, apenas acessível a quem a quiser procurar. É o caso de “Anatomia de um Crime”, mas isso é tema para outra conversa... O que assistimos no Cinema Português é uma tentativa desesperada e demasiado esforçada de passar a Mensagem, esquecendo coisas tão insignificantes como a narrativa, os actores, a iluminação. Não é o caso de Call Girl. Apesar de a estória ser subaproveitada, não deixa de ser bem construida. E com um tema caro aos portugueses: a tão actual corrupção dos funcionários publicos. Aqui o corrompido é o até à altura impoluto Meireles (Nicolau Breyner, como sempre, em grande forma) por um construtor civil (que se virá a revelar algo mais do que isso durante o filme), ávido de construir uma estância de luxo, com golfe, onde agora estão sobreiros (olá sr.s Nobre Guedes e Telmo Correia). A estória soa verdadeira.
Entra em acção a bela Maria, mulher perfeita, o ideal para seduzir o desgraçado Meireles e obrigá-lo, sem que ele se aperceba, a cair exactamente onde os corruptores queriam. Soraia Chaves, a campanha publicitária na tv foi delineada à volta dela e também o filme se foca mais nesta personagem, a Maria prostituta de luxo.
Entra em acção a bela Maria, mulher perfeita, o ideal para seduzir o desgraçado Meireles e obrigá-lo, sem que ele se aperceba, a cair exactamente onde os corruptores queriam. Soraia Chaves, a campanha publicitária na tv foi delineada à volta dela e também o filme se foca mais nesta personagem, a Maria prostituta de luxo.
Pode estar uma boa actriz em Soraia Chaves, consegue manter uma boa quimica com Nicolau Breyner. É certo que existem exageros neste filme, as cenas de sexo são descabidas e a raiar o soft-core, talvez um pouco mais de bom gosto fosse necessário para não deixar o filme descambar para o mediatismo e imediatismo de mostrar os seios da Soraia Chaves.
Mas há outra personagem central: Madeira, o policia jovem interpretado por Ivo Canelas. No gabinete desta personagem encontramos um poster de Cães Danados e aqui encontramos a filiação deste Call Girl: o cinema americano. De facto, todos os diálogos parecem saídos de um policial americano. É bom ou mau? Parece ser bom, já que não deixam de parecer com algo que aquelas personagens diriam se confrontadas com situações semelhantes, principalmente o chorrilho de asneiras que sai da boca de toda a gente.
Mas há outra personagem central: Madeira, o policia jovem interpretado por Ivo Canelas. No gabinete desta personagem encontramos um poster de Cães Danados e aqui encontramos a filiação deste Call Girl: o cinema americano. De facto, todos os diálogos parecem saídos de um policial americano. É bom ou mau? Parece ser bom, já que não deixam de parecer com algo que aquelas personagens diriam se confrontadas com situações semelhantes, principalmente o chorrilho de asneiras que sai da boca de toda a gente.
Temos bons actores de cinema. Este filme mostra um pouco do que pode ser uma industria cinematográfica portuguesa: Ivo Canelas (o policia com mais tomates que miolos), José Raposo (convincente como policia mais velho que tenta por juizo no companheiro), Joaquim D'Almeida (o empreiteiro sem escrupulos), Virgilio Castelo (o ministro yuppie, mais preocupado com as contas) e Raul Solnado, num pequeno, mas muito sumarento papel de comunista inveterado cujo desejo ultimo era ser enterrado com uma bandeira da foice e martelo por cima do caixão.
Acaba por se perder numa campanha publicitária sensacionalista e algumas cenas descabidas, mas é extremamente divertido enquanto objecto que pretende agradar ao publico sem no entanto o tratar como um cidadão com dificuldades ao nível dos processos cognitivos.
1 comentário:
Muito bom! Isto é que é cinema de entretenimento! 'Brincar às Vickys' rules!! Não perceberam?? Têm que ir ver o filme...
Edite Queiroz
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