30 outubro 2008
29 outubro 2008
Entre os Dedos (2008, Tiago Guedes e Frederico Serra)
Se nos ultimos dias se tem sentido mais frio na rua, quase que poderia dizer que se deve em parte a este filme. Não por rejeitar uma ligação afectiva ao espectador, há bastante por aqui para o estabelecer, mas pelo olhar frio que os realizadores têm da sociedade portuguesa, em particular da desgraça que lhe é transversal.
Mas comecemos pelo início. De acordo com o Cinecartaz, «Entre os Dedos
é a história de um conjunto de pessoas que agora se limitam a sobreviver dentro do destino que lhes coube. Mas enquanto uns desistem e deixam cair os braços, outros resistem, esbracejam e lutam, recusando-se a deixar-se conformar.Depois de uma derrocada numa obra, Paulo perde o emprego porque denunciou a situação. A sua relação com a mulher vai piorando dia após dia. Anabela, a irmã de Paulo, vive com o pai de ambos, que sofre de síndrome do Ultramar. Bela é enfermeira e o único conforto de um doente terminal.»
Passando por cima da tradição nacional de incluir na sinopse uma interpretação do filme que se está a promover, a primeira impressão que se tem é que vamos assistir a mais um filme-mosaico, tão na moda. Sim, é um filme-mosaico, mas feito com os meios à disposição dos portugueses. Se a associação com um produtor brasileiro contribuiu para que o desnível técnico da produção nacional não se sinta aqui (e que parece sentir-se cada vez menos, mesmo em filmes 100% portugueses), estamos perante um filme-mosaico mais limitado em termos de dispersão de personagens e estórias a contar.
Aqui, a estória principal gira à volta do casal Paulo e Lucia (magnifíca Isabel Abreu), com algumas breves espreitadelas para a vida do pai e irmã de Paulo e de um doente a receber cuidados paliativos da ultima, que é enfermeira.
A economia torna-se util no desenvolvimento da narrativa principal de Paulo e Lucia, mas seria ainda mais util eliminando a estória do doente em fase terminal (cujo nome não cheguei a apanhar), que acaba por atrapalhar mais do oferecer uma perspectiva suplementar sobre o sofrimento humano.
Voltemos às personagens e à sua extrema humanidade. Paulo é um recém-desempregado depois de ter sido despedido da obra onde trabalhava, é-nos dado a entender por denunciar condições de segurança não cumpridas. O enorme orgulho impede-o de aceitar ajuda de quem quer que seja, mesmo do pai, com quem tem uma relação complicada. Após o despedimento é ainda lançado para uma depressão que o leva a negligenciar o que seria mais importante: procurar novo emprego. Lucia é a mulher de Paulo, mãe heróica de dois de filhos que tenta o possível e o impossível por manter o orçamento familiar equilibrado. A juntar a este relacionamento problemático está o da irmã e pai de Paulo. Ele, ex-combatente da guerra colonial portuguesa, racista contido com uma filha mulata. O confronto entre ambos está latente até que o pai explode e chama a filha de “preta” enquanto ouve um hino de exaltação à Guerra em Angola.
Salta à vista a fotografia a preto e branco, transportando para o espectador a glacialidade da vida das personagens do ecrã. A realização da dupla Tiago Guedes e Frederico Serra também merece uma referência, sendo de evidenciar a característica claustrofóbica que é dada à própria casa de cada uma das personagens, como se o mundo desabasse, mesmo no local onde se poderia encontrar algum conforto. A utilização de uma banda sonora minimalista contribui também uma sensação de frio vinda do ecrã. Não há nada de bonito ou para relaxar neste “Entre os Dedos”. Tudo é dificil de aguentar, a dor está presente em cada fotograma. Na esteira de Alejandro Gonzalez Iñarritu, aqui é a miséria da existência portuguesa no início do século XXI que é dissecada num argumento de Rodrigo Guedes de Carvalho. Sem compromissos na forma como cada personagem é retratada e na forma como a cada situação é dada uma resolução sem o ser, um final em aberto, porque a vida continua e é preciso continuar em frente.
Pode não ser o melhor exemplo de cinema português para o grande público, o apelo comercial de uma obra destas é bastante reduzido, mas é um bom sinal para os tempos que aí vêm, mostrando como é possível fazer cinema em Portugal sem deixar qualquer pormenor técnico enfraquecer a qualidade da obra.
"Vá lá... faz o meu dia!"*
Eu sei que ainda falta estrear "The Changeling" mas, dos dois filmes que Eastwood tem para estrear este ano, este Gran Torino parece-me o mais promissor. Pode ser que me engane, mas o aspecto de justiceiro crepuscular de Clint Eastwood continua a vender desde que se adicionou a expressão "crepuscular" a tudo o que ele faz desde "Imperdoável". Em baixo, o poster. Em breve, o trailer.
The International - Poster
06 outubro 2008
‘We have to bring more Star Wars into Star Trek.’”
Quem disse isto?
É uma afirmação controversa, tendo em conta a rivalidade entre os fãs norte-americanos de ambas as sagas, pedir que o Universo do Capitão Kirk e do seu Oficial de Ciências Spock seja alvo de uma influência directa do Mundo dos Jedi.
São mundos completamente diferentes, com formas diferentes de encarar a Humanidade. Em Star Wars temos a luta contra as Forças do Mal, a aventura dentro do Universo conhecido sem grande ligação com a ânsia da Descoberta. É Aventura, e, nota-se sempre que o enfâse é colocado mais na parte política daquele Universo, que a coisa não funciona tão bem como o resto. Comparar, por exemplo, O Império Contra-Ataca com A Ameaça Fantasma.
Star Trek é o oposto. É a busca do sentido da existência, é a ânsia da Descoberta e do contacto com outros povos, conceitos complicadíssimos de relacionamento e comportamento de altas esferas de governação. É a Utopia da Humanidade em acção, a explorar o espaço.
Como se vão dar os dois conceitos, se chegarem a ser incluidos no mesmo filme? É esperar por Dezembro para ver.
Gene Roddenberry deve estar a dar voltas no túmulo...
Só para confirmar que não...
- fui raptado.
- morri.
- fugi para o Brasil.
- emigrei para a Suiça.
- estou de férias.
- ando nas drogas.
- trafico gado mirandês.
- me candidatei a um cargo público
- ...
O blogue segue dentro de momentos...
p.s. plagiado descaradamente daqui.
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