11 agosto 2008

"The Incredible Hulk" (Louis Letterrier, 2008)



Bruce Banner está agora no Rio de Janeiro, habita nas favelas e trabalha afincadamente para encontrar uma cura para os seus “acessos de fúria” Entretanto, mais a norte no continente americano, o general Ross usa toda a tecnologia ao seu dispor para encontar o cientista foragido.
Segundo filme produzido exclusivamente pela Marvel, segunda tentativa de transpor o Homem Verde ao grande ecrã. Na primeira tentativa o resultado foi um dos blockbusters mais interessantes até à altura, com uma abordagem extremamente psicológica de Ang Lee às origens do Hulk. Estimulante em todos os sentidos, na tentativa, bem sucedida, de fusão entre a linguagem cinematográfica e as vinhetas da bd, Ang Lee conseguiu imprimir um ritmo muito interessante a um filme que podia não o ter, dado tratar-se de uma sempre problemática “História de Origem”de um Super-Herói. O que faltou, então, para a Marvel decidir-se a uma nova abordagem à personagem? Apesar de ter sido um sucesso de bilheteira, o final demasiado simbólico assutou os fãs acérrimos da personagem e o espaço de Ang Lee para continuar à frente de um hipotético franchise esgotou-se.

Trate-se então de chamar um realizador especialista em cinema de acção, Louis Leterrier, e investir a fundo em efeitos visuais de ultima geração. No entanto, um pormenore há a destacar na abordagem da Marvel Comics ao conceito de blockbuster: os actores. Na sua primeira produção independente, foi notório o investimento em actores de qualidade reconhecida (Jeff Bridges, Robert Downey Jr são bons actores em qualquer filme) e para este Incredible Hulk foram chamados nada mais, nada menos, que Edward Norton, William Hurt e Tim Roth. Um ponto a favor da nova versão. Também é bom de notar alguma tentativa em não descartar completamente a versão anterior. Para isso, nada melhor que uma solução extremamente simples: os créditos inicias servem para re-inventar a História de origem desta personagem, já não deve os seus problemas de anger management a experiências do próprio pai, mas sim a um trabalho que testou nele próprio. Re-mitificação do nascimento tratado ainda antes da primeira linha de diálogo e sem descartar o trabalho de Ang Lee, uma vez que esta nova versão se inicia na América do Sul, para onde remetia o final do filme anterior. Trabalho sem falhas, até aqui. Começam os problemas. Liv Tyler é uma Betty Ross muito inferior a Jennifer Connely, tratando-se aqui do único ponto franco no elenco, sendo sempre de louvar a tentativa da Marvel de trazer actores de qualidade às suas produções, aqui alguém falhou no casting.

A grande aposta nesta nova versão era claramente forçar a nota no filme de acção. Para isso foi contratado o (suposto) especialista Louis Leterrier. Confesso que não conheço o trabalho anterior do senhor. Sei que é responsável pelos “Correio de Risco” que, ao que parece, são bons. Pela amostra em Incredible Hulk confesso que fiquei desiludido. Não há aqui a frescura e o arrojo que Lee utilizou na versão anterior quando introduziu os códigos da bêdê na linguagem cinematográfica (que saudades do dinamismo de montagem da versão anterior). Aqui até a fotografia parece ter demasiado grão e a técnica de realização resume-se à utilização excessiva de imagens aéreas para introduzir um novo espaço de acção. O argumento parece sólido e bem construído, abrindo espaço para a entrada em cena de novos heróis da Marvel no mundo cinematográfico, ainda utilizando algo que é bastante frequente no mundo dos quadradinhos desta empresa: os cruzamentos de personagens centrais.

De uma maneira estranha, as duas versões do Hulk acabam por se completar, se na versão original, era a coragem de levar o herói ao interior de si próprio e reflectir isso na utilização estimulante de novos códigos, aqui encontramos alguns actores de créditos bem firmados a fazerem aquilo que fazem melhor. Tanto o vilão deste filme é mais ameaçador como o confronto final mais recompensador para espera ver acção de grande calibre neste tipo de filmes. Juntos, ambos os filmes poderiam fazer uma grande obra, sendo assim acabam por ser apenas duas interpretações com algumas falhas e bastantes boas intenções.

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