07 maio 2008

Pornografia sueca e a invenção do Alley-Oop*

Quais são as expectativas que se devem alimentar quando se vê um filme com Will Ferrel? Concerteza que não haverá grande profundidade psicológica, um realizador com rasgo criativo que nos surpreenda a cada plano, um avanço significativo no campo da Arte Cinematográfica. Não, não há nada disto, mas pode ser divertido.
Jackie Moon é o proprietário/treinador/jogador-estrela dos Flint Tropics, equipa da defunta American Basketball Association. Quando é informado de que a ABA se vai fundir com a NBA no final da época, mas apenas as quatro melhores equipas, Jackie tenta de tudo para que os seus Tropics sejam um dos afortunados. “One-Hit Wonder” com “Love me sexy” (procurem o clip no Youtube, ele existe), Moon tenta de tudo para levar a sua equipa à bonança financeira e reconhecimento social que lha augura a NBA.
Semi-Pro acaba por andar naquela linha ténue que a comédia traça entre o desconforto e o gag certeiro: algumas piadas falham, mas as que acertam correm o risco de se tornar coloquialismos recorrentes, como a confissão do comentador Lou Redwood (excelente Will Arnett) que só sobreviveu ao Vietname graças à pornografia sueca.
Primeira aventura de Kent Alterman na realização, mostra algumas ideias interessantes mas no geral acaba por apenas se manter pela mediania, deixando o campo livre para que Ferrel e companhia possam brilhar. Não é Monty Python mas também não se cola muito à onda de comédias imbecis que vemos regularmente a atracar nos cinemas (são facilmente identificáveis, têm normalmente “movie” no título original ou são remastigações de outras obras). Semi-Pro descende da linha Saturday Nught Live da comédia americana, o que tanto pode ser bom como mau. Neste caso, fica ali no meio.
P.S.- Péssimo trabalho de tradução, que chega a confundir as regras mais básicas do basket: “travelling” não é a “regra dos 5 segundos”.

*Texto publicado no Jornal Universitário A Cabra

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