28 janeiro 2008
Porque quero viver numa cidade melhor
24 janeiro 2008
Atonement (2007), Joe Wright
Joe Wright regressa aos dramas de época depois da adaptação de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, e também com Keira Knightley num dos principais papeís, e pode mesmo dizer-se que estamos na presença de um dos mais promissores realizadores da actualidade. Há todo um cuidado muito vísivel na encenação e visual do filme, este aspecto é muito mais fulgurante na primeira metade, quando somos invadidos por uma explosão de cor, uma palete de cores muito alargada, a acompanhar os momentos mais felizes das duas personagens principais. Robbie e Cecilia formam aqui o par romântico que se concretiza apenas por breves momentos, sendo que a sua felicidade será o elemento que proporcionará a Expiação do pecado cometido por Briony (não vou revelar). A propósito de Briony há que referir as performances das três actrizes que a interpretam ao longo de três gerações: Saiorse Ronan, aos treze anos, impõe à personagem uma impertinência própria da idade mas que irá conduzir às tentativas de redenção das duas encarnações mais velhas. Ramola Garay é Briony com 18 anos, trabalha como enfermeira num Hospital da Londres da época dos bombardeamentos nazis e finalmente Vanessa Redgrave, é Briony já como romancista consagrada, que nos revela o destino do par romântico e consegue finalmente a tal Expiação do título, levando o espectador a reflectir sobre os finais felizes e a sua capacidade de redimir pecados ou manter um sabor acre na boca, conforme a sua veracidade ou não...
Falando novamente sobre aspectos mais técnicos, é inevitável não referir também a fantástica fotografia e reconstrução de época presentes em todo o filme, passando pela inevitável cena na praia de Dunquerque, um maravilhoso plano-sequência que esmaga toda e qualquer hipótese de o espectador ainda sentir que pode haver salvação para a relação entre Robbie e Cecilia. Como definir uma cena que arrisca mostrar uma praia povoada com os sobreviventes Britânicos da Batalha de Dunquerque de uma só vez? Uma viagem em que acompanhamos a destruição proporcionada por uma entrada em guerra mal preparada, mas isso são contas de outro rosário.
Há também que referir a banda sonora inventiva, criando soluções com o som diegético de uma máquina de escrever e misturando-o com piano e violino, o resultado é fabuloso, algo a ouvir mesmo sem a ajuda visual do filme. No entanto, contrariando a tendência facilitista de acompanhar cenas de elevada tensão dramática com musica, aqui Joe Wright prefere deixar o silêncio ser a banda sonora, criando assim um clima de tensão muito mais angustiante.
Um triunfo, apenas com 30 milhões de euros de orçamento, mais uma vitória dos estudios Woking Title que conseguem mesmo convecer-me que Keira Knightley é boa actriz...
11 janeiro 2008
"Se eu apanhar Herpes no corredor como o Reitor, teremos problemas!"
05 janeiro 2008
"You can call me Mr. Shatner"
Woody Allen x 2
Top 2007 - os melhores
"Ratatoille"
Afaste-se o ogre verde e a familia amarela, o prémio é para o Rato Remy, simultaneamente mais um prodígio técnico da Pixar e a prova como o Cinema de Animação pode em tudo seguir as mesmas pisadas da Imagem Real. Quem duvidar basta conferir a fabulosa luz que banha esta cidade de Paris, a cena de perseguição com suspense q.b. e a magnifíca caracterização dos vilões.
O 4º posto.
"Ultimato"
Frenético, sem medo de arriscar grandes sequências sem diálogo. Escorreito e com uma técnica de realização descrita como "câmara com parkinson". Se todos os filmes de Verão fossem assim, estariamos todos muito melhor.
3º lugar
"A Face Oculta de Mr. Brooks"
Por falar em filmes de Verão, este foi um verdadeiro oásis no deserto que é o mês de Agosto. Grandes performances de Kevin Costner e William Hurt, com destaque para o rapport que ambos conseguem manter durante o filme. A subtileza escondida: confronta-nos com as relações pais/filhos e o medo que os progenitores têm de ser substituidos. Destaque ainda para a banda sonora de Ramin Djawadi.
2º lugar
"Terra de Cegos"
O filme já é de 2006, mas só agora nos chegou. Esteve apenas uma semana na cidade, mas foi o suficiente para ser visto por uma pequena legião de fãs (meia dúzia). Estimulante, capaz de deixar o espectador à beira de um ataque de nervos com o ultimo plot-twist, um objecto tão invulgar que deixou os dois lados do espectro politico norte-americano a pensar que o filme os atacava a eles. Está lá tudo: Mussolini, Kim Jong-Il (este ultimo literalmente, está lá), a revolução cultural na China de Mao e os golpes palacianos. Brilhante a forma como neste filme vemos a História Politica da Humanidade do ultimo século e meio. E começa no design do cartaz: Realismo Socialista, anyone?
Em primeiríssimo lugar:
"Peões em Jogo"
O regresso de Robert Reford atrás das câmaras. O regresso de Tom Cruise às boas interpretações. O regresso da United Artists como um estúdio, não como apenas um carimbo. O regresso do filme-político. O regresso... Notável análise da actual situação politico-social nos Estados Unidos. A falta de envolvimento na vida publica das gerações mais jovens, as relações perigosas entre o poder politíco e os media, o sacrifio dos ignorados... Um daqueles filmes capazes de "despertar processos cognitivos nos espectadores", como li há tempos. Em vez de explosões e velocidade temos diálogos, mise-én-scéne... A critica nacional tem-lhe reagido de forma bastante morna, estaremos tão anestesiados por blockbusters que já não reconhecemos o valor de algo diferente?
Estes são os melhores, tendo tempo, outras listas se seguirão nos próximos dias ou semanas.