09 março 2007

"O Bom Pastor"

Título Original: The Good Sheperd”
Real: Robert DeNiro
Com: Matt Damon, Angelina Jolie, William Hurt, Michael Gambon, John Turturro
EUA, Côr, 167min.

Estados Unidos, 1961. Uma ainda jovem organização secreta prepara uma operação que pretende remover Fidel Castro do poder: A invasão da Baía dos Porcos, em Cuba. Mas algo corre mal. Um informador dentro da organização passou a informação para o outro lado da cortina de ferro...

É este o ponto de partida para um dos melhores “filmes de espiões” de sempre. Sempre acompanhando a perspectiva e a vida de Edward Wilson, um dos fundadores da CIA, desde os seus anos universitários, passando pela II Guerra Mundial, onde dirigia o gabinete de contra-informaçãos dos Aliados – tubo de ensaio para o que seria a Central Intelligence Agency – até aos anos sessenta e ao fracasso da Baía dos Porcos. Com uma sequência temporal não-linear, são frequentes os flashbacks, DeNiro obriga o espectador a estar atento a todas as sequências de forma a não perder qualquer pormenor da estória.

Tratando-se de um “filme de espiões”, são frequentes os códigos utilizados nos contactos, um recurso que traz à memória outros tempos em que o espião não precisava de passar muito tempo no ginásio para mover a estória para a frente, uma abordagem cerebral que incentiva o espectador a tentar descodificar ele próprio o que significa, por exemplo: “Temos um estranho em nossa casa” ou, “Preciso de falar com alguém por causa de um fato.”

Mas, este Pastor é também um filme de época e aqui salta à vista a direcção artística, responsável pela reconstrução da destruição de Berlim no pós-II Guerra e ainda todos os pormenores inerentes à vida nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60 do século passado.

Matt Damon é o actor principal desta película e não desilude. Damon consegue compor uma personagem fria e distante, algumas vezes de forma perturbadora. Um registo de contenção que é cada vez menos apreciado no seu país de origem, basta recordar que Eddie Murphy foi nomeado para um Óscar... Ainda no capítulo das performances dos actores encontramos aqui o grande ponto fraco deste filme: Angelina Jolie. Um erro de casting para este segundo filme com realização de DeNiro. Jolie interpreta uma mulher norte-americana de antes do virar do século XX, mas não consegue nunca atingir a linguagem corporal necessária para levar a sua performance a bom porto.

É um bom filme, este Pastor, talvez o melhor retrato da espionagem e contra-informação da era dourada destas actividades- A Guerra Fria. Robert DeNiro consegue fazer a tão dificil transição para trás das câmaras(e consegue também tirar da reforma o seu amigo Joe Pesci), assumindo a responsabilidade num filme cheio de pormenores visuais para estímulo e apreciação do espectador.

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