06 abril 2007

Foi você que pediu um banho de sangue?

300
Real:
Zack Snyder
Com: Gerard Butler, Lena Headey, Rodrigo Santoro, David Wenham
EUA, Cor
117min, 2006


480 a.C., o Imperador Persa Xerxes quer aumentar o território do seu Império e alcançar o que o seu pai, Dario, não conseguiu: o domínio da Grécia. No caminho da sua conquista está Esparta, cidade-estado com leis muito próprias e cujo Rei, Leónidas, vai ignorar o facto de a Grécia estar envolta nas festividades da Cárnia e fazer aos exércitos da poderosa nação Persa, com apenas 300 soldados.

Muito antecipado, as expectativas colocadas algures entre a estratosfera terrestre e o campo de asteróides que nos separa de Marte, foi assim que me dirigi à sala de cinema para ver este “300”, mais uma adaptação de uma graphic novel de Frank Miller.

É uma adaptação fiel do livro em que se baseia, seguindo o caminho já apontado pelo primeiro “Sin City” (mais dois se seguirão no próximo ano), “300” foi também filmado em bluescreen e greenscreen, possibilitando assim uma melhor manipulação visual. E é aqui que reside a grande força do filme: o aspecto visual. Tal como na novela gráfica, as subtilezas narrativas são deixadas de lado, se bem que a Raínha tenha um papel muito mais activo na película, claramente uma tentativa de agradar ao publico feminino.
A imagem ganha supremacia em relação ao texto, algo que produz um efeito interessante na relação do espectador com a obra: apesar de permitir uma descodificação mais rápida da estrutura narrativa, é inevitável a tentativa de olhar para os quatro cantos da tela, procurando observar todos os pormenores visuais.
Ainda no aspecto visual, e na relação com a obra que se baseia, é de aplaudir a opção de manter o mesmo tom visual da novela gráfica de Frank Miller. Tons desmaiados, muito amarelo, mesmo o céu se recusa a apresentar os normais tons de azul. A única cor mais viva é mesmo o vermelho-sangue, presente nas capas dos soldados Espartanos. No entanto, esta opção de esbater o tom cromático do filme tem um efeito perverso: transmite a sensação ao espectador de uma exuberância visual que podia ser mais bem conseguida, algo que é necessário encarar como uma opção dos cineastas, decorrente da adaptação fiel à obra de Frank Miller.

Também o enorme cuidado visual é facilmente identificável no eficaz uso do slow-motion nas cenas de combate. Uma estilização da violência que transforma o filme num objecto de arte, como ver um quadrado de “bêdê” a ganhar vida...

2 comentários:

Anónimo disse...

é bom ouvir-te no «Suspeitos do Costume» :)

Anónimo disse...

Um portento visual e um exercício em estilo como poucos, este 300...

Abraço