04 agosto 2006

O Falso Blockbuster


MIAMI VICE
EUA, 134 min
Real: MICHAEL MANN

Os detectives Sonny Crocket (Farrell) e Rico Tubbs (Foxx) estão prestes a fazer uma detenção numa discoteca de Miami quando um deles recebe um telefonema de um informador com quem já não falavam há meio ano. Uma operação do FBI correu muito mal e as consequências vão levar Rico e Sonny até Cuba, Haiti, Colômbia e uma operação delicada com ex-militares sul-americanos agora traficantes de droga...

Em meados dos anos 80 surgiu uma série policial de enorme sucesso um pouco por todo o mundo. “Miami Vice” era o título. Confesso que pouco me lembro para lá do fato branco usado pelo Don Johnson...

Mas não escrevo sobre a série, escrevo sobre o filme estreado ontem nas salas de cinema portuguesas.

Depois de mais de trinta anos de carreira e êxitos recentes como “HEAT”, “ALI”, “COLLATERAL” ou o fantástico “THE INSIDER”, pode já falar-se de uma estética muito própria de Michael Mann. A palavra chave para definir essa estética será “realismo”. Câmara desfocada e com tremores quando, por exemplo, um carro desacelera, algum “grão” na imagem e ausência de artifícios como o “slow-motion” em cenas marcantes do filme.

Parece-me, vendo a campanha publicitária, que este filme está a ser vendido como o típico filme de verão. Nada mais falso. Trata-se, nada mais, nada menos, de um filme de autor. Todas as marcas de Mann que referi acima estão presentes nesta película. Mesmo um certo distanciamento entre as personagens, ao que contribui a escassez de diálogos substituida pela banda sonora, algo que também pode ser notado também em “The Insider”. É este distanciamento que pode ser confundido com falta de química entre Jamie Foxx e Colin Farrel, o que não deixa de ser pertinente perguntar dada a pouca interacção entre ambos.
Convém também falar do ritmo do filme. Tal como o Pedro Barbosa, é um “falso lento”. Isto porque o estilo muito próprio de Michael Mann não inclui as normais perseguições que se podem observar nalguns dos mais irritantes filmes da época. No entanto, sem o espectador dar conta, já o filme está aingir o final e a um ritmo que o não faria supor... Ainda uma ultima palavra para John Ortiz, o odiável “José Yero”, que constrói uma personagem que dá gosto odiar.

Trata-se de um filme bastante sólido, muito coerente e constante no ritmo impresso, desde a cena inicial, com a Rita de Lisboa...
*** em 5.

1 comentário:

inês patrão disse...

subscrevo, mas dou-lhe mais uma estrela :)