Em tempos de incerteza económica tornei-me nacionalista e aderi ao proteccionismo economicista: http://salasescuras.blogs.sapo.pt/
10 abril 2009
13 janeiro 2009
"A Troca" (Clint Eastwood, 2008)
Christine Collins vive uma vida aprazível. Leva o filho à escola, tem um emprego seguro, com perspectivas de uma promoção. Um dia o seu filho desaparece e, como qualquer boa mãe, Christine entra em pânico e dirige-se a quem normalmente protege os fracos e indefesos: a Polícia. A partir daqui tudo se resolveria de uma maneira ou de outra, com a policia a fazer os possíveis e impossíveis para devolver o rapaz desaparecido à progenitora desesperada, mas estamos em Los Angeles, no final dos anos '20 do século passado e a polícia é tudo menos uma entidade recomendável a quem se deve recorrer em situações extremas. Passados meses é dito a Christine que o seu filho, Walter foi encontrado e ser-lhe-à devolvido o quanto antes. No entanto, assim que a criança é devolvida à mãe, esta não o reconhece e afirma tratar-se de outro rapaz, com as modificações físicas a confirmar o argumento. A partir daqui Christine trava uma batalha desigual com as forças policiais da Cidade dos Anjos até que, finalmente, vê a razão do seu lado.
A sinopse é mais longa que o normal, mas a culpa recai inteiramente sobre o filme. De facto é necessário explicar muito bem o que se passa, até numa introdução sumária a um texto crítico, para que o leitor perceba o que está em causa nas próximas linhas. Tudo o que se vê em “A Troca” é verdade. Vou repetir: é tudo verdade. A incompetência da policia. A corrupção, a arrogância dessa incompetência corrupta e mesmo os homicídios praticados por Gordon Northcott. É esta faceta do real que torna o filme ainda mais duro de ver, como se fossemos continuamente golpeados no estomago de cada vez que mais um pormenor da estória é revelado.
Regresso de Clint Eastwood à realização depois do díptico sobre a batalha de Iwo Jima, “A Troca” é o exemplo de como o Cinema Clássico Americano precisa apenas de uma boa estória para se fazer valer sobre todos os truques técnicos e pirotécnicos em que algum cinema contemporâneo se esconde para iludir o espectador. Primazia da narrativa sobre a técnica, sendo esta apenas um leve fantasma, escondido habilmente pelo realizador que, deste modo, concede espaço aos actores para fazerem o seu melhor. Angelina Jolie aproveita com unhas e dentes esta oportunidade para provar que não é apenas um corpo pronto para o próximo filme de acção ou blockbuster de Verão. Com um realizador como Eastwood, um hábil director de actores, Jolie consegue uma interpretação notável, fruto das correcções provavelmente impostas pelo realizador à postura e maneirismos que tinham sido o seu ponto fraco noutro filme de época, “O Bom Pastor”. Angelina Jolie parece de facto uma mulher daquela época, conseguindo despir o fardo da sua personna cinematográfica, fruto de uma excessiva exposição mediática. É sobre ela que cai o peso cinematográfico desta obra, tendo a sua performance, sendo menos positiva, o poder de fazer tombar o que de resto tem de bom o filme. Nada que atemorizasse “Dirty Harry”, Clint Eastwood já provou em outras ocasiões como é capaz de transformar bons actores em extraordinárias performances vencedoras de prémios (Sean Penn em Mystic River, Hillary Swank em Million Dollar Baby, apenas para citar os mais recentes). Este caso não é excepção e, apesar da estranha ausência da lista de nomeados aos Globos de Ouro, o homenzinho dourado pode estar no horizonte para a actriz.
Fantástica reconstituição da época, mérito também para o director artístico, assim como para o argumentista, J Michael Straczynski, mais conhecido da ficção ciêntifica como criador da mítica série “Babylon 5”. Straczynski passou cerca de um ano a pesquisar todos os documentos legais onde o caso foi registado, e o resultado é um argumento sólido e uma narrativa fluída.
Há que destacar ainda a banda sonora, também composta por Clint Eastwood. É ela o nosso primeiro contacto com o filme, surgindo ainda antes do fade-in e reflectindo desde logo uma intensidade dramática construída com pausas nunca demasiado longas.
Pontos fracos? Apenas um, quando dá a sensação que Angelina Jolie perde a personagem numa cena de intensidade dramática mais forte, no entanto, apenas a sensação.
É bom voltar a ver um representante do Classicismo cinematográfico no grande ecrã, sentir o cuidado posto na construção da estória e o tempo dedicado às interpretações dos actores. Venha daí o próximo Eastwood, Gran Torino, já com data de estreia marcada em Portugal.
29 dezembro 2008
Acho que já não estamos na Pixar *
Depois de chegarem a Madagascar no capítulo anterior, Alex o Leão, Marty a Zebra, Glória o Hipopótamo e Melman a Girafa vão agora a África onde descobrem o seu lar ancestral e antepassados não muito distantes.
A guerra entre os estúdios de animação tem um líder destacado e, infelizmente para Madagascar 2, não é a Dreamworks. É verdade que o ogre verde é uma criação deste estúdio dos amigos Spielberg, Katzenberg e Geffen, mas não consegue ainda chegar ao nível de qualidade e apelo que tanto míudos e graúdos sentem com uma obra dos estúdios Pixar. Pode não ser justo referir numa crítica que este filme não é aquele, mas o barómetro de qualidade é indiscutível em todos os campos. Enquanto que a Pixar caminha na direcção do fotorrealismo, em Madagascar 2 a opção é por uma estilização cartoonesca de animais excessivamente antropomorfizados, assim como na maioria das animações da Dreamworks. Se em contos de fadas com gatos de botas e princesas consegue ser adequado, quando há interacção entre humanos e animais num universo que adere às convenções do Real, já começa a ser mais complicado aceitar.
Voltemos ao filme. Ao chegarem a Àfrica todos os quatro protagonistas encontram os seus grupos naturais onde se encaixam perfeitamente, até que a fórmula do capítulo anterior é repetida. Alex e Marty confrontam-se, colocando em causa a sua amizade, até que uma situação-limite os obriga a reatar o relacionamento entre ambos. Se a preocupação com os amigos é uma mensagem importante a passar às crianças, talvez seja importante também não as tratar como se fossem imbecis e investir em narrativas inovadoras e refrescantes (Wall.E). Também a registar o enorme tiro no pé que é manter as personagens mais carismáticas, os pinguins, de fora do ecrã durante a maior parte do tempo, os melhores momentos são protagonizados por estas aves impossibilitadas de voar, desde uma emboscada a turistas na savana a negociações sindicais com os trabalhadores manuais do seu novo projecto.
* Texto publicado na edição de 9 de Dezembro do Jornal Universitário A Cabra
Edição de Video-Clube*
No inicio de “Boa Noite e Boa Sorte” vemos um discurso de Edward R. Murrow advertindo para uma vigilância ao papel social da televisão, não nos pode isolar do mundo através do entretenimento inconsequente, avisa o jornalista. Estávamos em 1958, mas o paralelismo entre os eventos retratados no filme de George Clooney e a realidade americana do passado muito recente não pára aqui. O ambiente de terror instituído pelas esferas de poder e acusações infundadas lançadas aos mais diversos opositores nos anos '50 é representado pelo Senador Joseph McCarthy e pelo Comité de Actividades Anti-Americanas, sempre pronto a lançar o epíteto de “Comunista” a quem quer que se lhe opussesse. Vidas foram destruídas, carreiras interrompidas, mesmo a indústria do cinema não escapou ao ambiente de paranóia vislumbrado na “Ameaça Vermelha”. Este clima de divisão maniqueísta é realçado pela opção estética do preto e branco, visão do “nós contra eles” a que os fundamentalismos não têm medo de recorrer.
O filme é um exemplo do que o Cinema ainda pode ser quando não tem medo de falar de temas que não apelem apenas à faixa etária mais jovem, mas falemos agora da edição DVD.
Em substituição do tradicional anuncio da Associação Portuguesa de Editores de Videogramas, advertindo contra os malefícios da pirataria digital, somos brindados com três trailers de filmes completamente díspares assim que colocamos o disco no leitor. Estará a Prísvideo a ignorar a luta constante que se deve manter contra as cópias não autorizadas? Não temos forma de saber, mas a inclusão de publicidade a outros lançamentos da editora trás à memória as edições em formato VHS dos clubes de vídeo, que nos informavam de outros filmes disponíveis. O conteúdo dos extras não é animador: o anunciado documentário de produção, apesar de bem conseguido, tem apenas 15 minutos e não há comentários do realizador. Pelo menos não chegamos ao ridículo de anunciar como “Extra” os menus interactivos do dvd...
* Critica dvd publicada na edição de 25 de Novembro do Jornal Universitário A Cabra
Acho que fui infectado*
"Ensaio sobre a Cegueira" (Fernando Meirelles, 2008)
Uma doença não identificada cega a população de uma cidade (mundo?). Esta é a premissa de “Ensaio sobre a Cegueira”, tanto do livro como do filme; ambos um desafio à interpretação dos seus leitores, deixando (muito) espaço aberto a análises sobre a causa, simbolismos, efeitos e cores de uma cegueira que conduz toda uma população ao apocalipse.
Comecemos pelo início: numa cidade sem nome vários habitantes começam a perder a visão, não se trata, no entanto, de uma cegueira normal, é um mal-branco, nunca visto, incurável e indecifrável; incapazes de lidar com o crescente número de cegos, as autoridades competentes tratam de os juntar num mesmo espaço sem qualquer preocupação para com o bem-estar ou saúde a longo-prazo dos seus concidadãos que, também eles, ao fim de algum tempo perdem a sua humanidade e esquecem que o preço a pagar pela dignidade é demasiado elevado.
Alegoria sobre a decadência da moralidade do Homem cujo destino previsível é a miséria colectiva, quando a solidariedade é abolida da conduta do quotidiano, “Ensaio sobre a Cegueira”- o filme- perde muito pouco em relação à obra escrita; além do inevitável problema que qualquer adaptação sofre, de poder desiludir a visão pessoal do leitor sobre o romance, apenas é de realçar como as descrições visuais de Fernando Meirelles são mais contidas que as descrições escritas de José Saramago. A destacar a opção de Meirelles pelo branco como cor dominante, por vezes mesmo a ocupar a tela por inteiro, sem deixar espaço a qualquer outra forma reconhecível, um comentário do realizador ao mundo de 2008, actualizando a estória de 1995, fazendo o publico sentir um pouco da doença-branca de que as personagens sofrem? A destacar ainda o trabalho de caracterização do espaço do manicómio abandonado, onde nada funciona como devia e onde a sujidade se vai acumulando em quantidades cada vez maiores; como ponto negativo a pontuação irónica que a banda sonora por vezes empresta a cenas que, noutro contexto seriam alvo de riso, mas neste filme poderiam adquirir uma carga dramática suplementar, se bem utilizadas.
Visualmente arrebatador, a obra de Fernando Meirelles não fica muito atrás do livro de José Saramago, sendo fidelíssimo ao material de origem sem nunca descurar o facto de ter de transportar uma narrativa pouco simples para uma linguagem completamente diferente. Dando uma vista de olhos pela imprensa internacional, as críticas negativas vão-se acumulando e é verdade que “Ensaio sobre a Cegueira” não é um filme fácil de assimilar, com sequências duras de seguir e imagens complicadas de processar, no entanto, é sempre de assinalar quando um filme, como este, é capaz de despertar processos cognitivos no espectador deixando-lhe espaço para chegar à sua interpretação, sem lhe impôr uma solução única.
* Texto publicado na edição de 25 de Novembro de 2008 do Jornal Universitário A Cabra
19 novembro 2008
"Quem é quereria ir à Bélgica?!?!?"
Bruges, cidade bucólica. Bruges, cidade medieval. Bruges, destino turístico apreciado pela multiplicidade de turismo cultural á disposição dos visitantes. Bruges, local perfeito para dois assassinos a soldo se esconderem depois de um trabalho que acabou mal.
É este o ponto de partida para “Em Bruges”: dois trabalhadores da indústria dos “afastamentos coercivos” são enviados para a cidade belga algumas semanas até que o ambiente causado por um trabalho mal executado se possa dissipar. Até aqui nada de fantásttico num filme que deixa antever, pelo trailer, mais uma estória de gangster ao estilo “Snatch” de Guy Ritchie. Ou seja, muitos tiros, muitos palavrões e personagens idiossincráticas enquanto que o resto do filme passa numa névoa de movimento estilizado.
“Em Bruges” não é isto.
“Em Bruges” é um Noir-Europeu como há poucos, sendo que aqui não é a cidade o local ameaçador que tão bem é representado no noir clássico, mas é sim um local quase paradisíaco subvertido pela presença de duas figuras que escapam ao bucolismo da “cidade medieval mais bem preservada da Europa”. Sigamos então para as personagens. Comecemos por Ray, interpretado por Colin Farrel, é o jovem impaciente, atormentado pelo tal trabalho que não correu bem e dominado por sentimentos de culpa em relação ao que fez. Para Ray, não só a cidade de Bruges é uma pasmaceira, como também o país onde ela se encontra, “Porque é que alguém tem de ir à Bélgica?” deixa a interrogação ao espectador no final do filme. Ao bom estilo do cinema noir, a culpa e os tormentos de Ray são finalmente ultrapassados quando este consegue relacionar-se com a mulher redentora do filme. Ken é mais velho que Ray. Ken aprecia o tempo passado em Bruges como uma verdadeira oportunidade para relaxar e acalmar, ao contrário de Ray. É o mentor deste, tendo os dois uma relação com uma dinâmica pai-filho que Ken será obrigado a testar por imposição de Harry. Harry é o patrão dos dois. Apesar de não ter meias-medidas no tratamento dos seus empregados, Harry é um homem de príncipios, o que não deixa de ser uma ironia, tratando-se de um gangster. Há ainda que referir o anão racista (do qual não me lembro do nome), cereja no topo do bolo de humor negro e seco que é este filme. A festa com o anão e as prostitutas a que Ken e Ray vão é uma das peças centrais na definição do tom de comédia negra, apesar de ser apenas um interlúdio na narrativa principal da relação entre Ray e Ken.
Primeira longa-metragem de Martin Mcdonagh, este que é já um realizador oscarizado com a curta Six-Shooter, faz aqui bem a transição para formatos de maior duração. O filme aproveita bem a paisagem de Bruges para lançar mão de alguns planos extremamente belos, enquanto deixa a narrativa a fermentar. Nada a destacar no campo da fotografia, mas a banda sonora merece destaque, com o minimalismo a saltar à cabeça.
“Em Bruges” é um filme sobre a inocência, como se perde, como a recuperar, se é que é possível e como a manter num contexto extremamente contraditório com ela. Excelentes desempenhos dos três actores principais, Brendan Gleeson, Ralph Finnes e, sobretudo, Colin Farrel.
É este o ponto de partida para “Em Bruges”: dois trabalhadores da indústria dos “afastamentos coercivos” são enviados para a cidade belga algumas semanas até que o ambiente causado por um trabalho mal executado se possa dissipar. Até aqui nada de fantásttico num filme que deixa antever, pelo trailer, mais uma estória de gangster ao estilo “Snatch” de Guy Ritchie. Ou seja, muitos tiros, muitos palavrões e personagens idiossincráticas enquanto que o resto do filme passa numa névoa de movimento estilizado.
“Em Bruges” não é isto.
“Em Bruges” é um Noir-Europeu como há poucos, sendo que aqui não é a cidade o local ameaçador que tão bem é representado no noir clássico, mas é sim um local quase paradisíaco subvertido pela presença de duas figuras que escapam ao bucolismo da “cidade medieval mais bem preservada da Europa”. Sigamos então para as personagens. Comecemos por Ray, interpretado por Colin Farrel, é o jovem impaciente, atormentado pelo tal trabalho que não correu bem e dominado por sentimentos de culpa em relação ao que fez. Para Ray, não só a cidade de Bruges é uma pasmaceira, como também o país onde ela se encontra, “Porque é que alguém tem de ir à Bélgica?” deixa a interrogação ao espectador no final do filme. Ao bom estilo do cinema noir, a culpa e os tormentos de Ray são finalmente ultrapassados quando este consegue relacionar-se com a mulher redentora do filme. Ken é mais velho que Ray. Ken aprecia o tempo passado em Bruges como uma verdadeira oportunidade para relaxar e acalmar, ao contrário de Ray. É o mentor deste, tendo os dois uma relação com uma dinâmica pai-filho que Ken será obrigado a testar por imposição de Harry. Harry é o patrão dos dois. Apesar de não ter meias-medidas no tratamento dos seus empregados, Harry é um homem de príncipios, o que não deixa de ser uma ironia, tratando-se de um gangster. Há ainda que referir o anão racista (do qual não me lembro do nome), cereja no topo do bolo de humor negro e seco que é este filme. A festa com o anão e as prostitutas a que Ken e Ray vão é uma das peças centrais na definição do tom de comédia negra, apesar de ser apenas um interlúdio na narrativa principal da relação entre Ray e Ken.
Primeira longa-metragem de Martin Mcdonagh, este que é já um realizador oscarizado com a curta Six-Shooter, faz aqui bem a transição para formatos de maior duração. O filme aproveita bem a paisagem de Bruges para lançar mão de alguns planos extremamente belos, enquanto deixa a narrativa a fermentar. Nada a destacar no campo da fotografia, mas a banda sonora merece destaque, com o minimalismo a saltar à cabeça.
“Em Bruges” é um filme sobre a inocência, como se perde, como a recuperar, se é que é possível e como a manter num contexto extremamente contraditório com ela. Excelentes desempenhos dos três actores principais, Brendan Gleeson, Ralph Finnes e, sobretudo, Colin Farrel.
Star Trek v2.0
Lembram-se do Star Trek? Do William Shatner, do Leonard Nimoy, do James Doohan, da Nichelle Nichols e do DeForrest Kelley e do George Takei?
Eu lembro, e tenho saudades deles. Até do Patrick Stewart, do Johnathan Frakes e do Brent Spinner.
Bons tempos, grandes estórias e actores capazes de nos fazer acreditar que um painel com luzes a piscar eram o controlo da Drive-Warp e do Teletransportador.
Bem, acho que fiz passar o suficiente para passar a ideia de que estou bastante céptico quanto a esta re-invenção do Star Trek, da qual os argumentistas já disseram que precisava de mais "Star Wars".
O trailer, portanto, e esperemos pelo dia 8 de Maio do próximo ano.
Eu lembro, e tenho saudades deles. Até do Patrick Stewart, do Johnathan Frakes e do Brent Spinner.
Bons tempos, grandes estórias e actores capazes de nos fazer acreditar que um painel com luzes a piscar eram o controlo da Drive-Warp e do Teletransportador.
Bem, acho que fiz passar o suficiente para passar a ideia de que estou bastante céptico quanto a esta re-invenção do Star Trek, da qual os argumentistas já disseram que precisava de mais "Star Wars".
O trailer, portanto, e esperemos pelo dia 8 de Maio do próximo ano.
13 novembro 2008
Já há muito que não falava aqui no Watchmen
Aqui estão seis posters diferentes, cada um com uma das personagens principais. Como aperitivo deixo o Rorshach...
12 novembro 2008
W (Oliver Stone, 2008)
A estória é conhecida, melhor ou pior, pela maioria da população atenta. George W Bush tornou-se o 43º presidente dos Estados Unidos no final do ano 2000. Desde então tem-se posicionado solidamente na pole position para a pouca ambicionada honra de “Pior Presidente da História”.
Apoiado numa linha temporal não-linear, o filme inicia-se, literalmente, dentro da cabeça de W. Durante uma reunião de preparação da guerra do Iraque, George vai ao seu lugar seguro: um estádio de basebol vazio onde ele é a estrela. Simbolicamente não poderia ser escolhido melhor local para que W se sentisse à vontade. O tem o som de aplausos ruidosos e W é o unico jogador em campo a apanhar a bola decisiva que decide o encontro, no entanto, algo está errado. O estádio está vazio e mais nenhum jogador está em campo. W acaba de ganhar um jogo sem qualquer concorrência e sem nínguem a ver. No final do filme, voltamos ao mesmo estádio, com W a tentar fugir dos problemas de uma guerra sem fim à vista, mas desta vez já nem a bola está no estádio. De certa forma, George W. Bush é isto mesmo: um jogador de basebol sem público, sem companheiros de equipa ou adversários a rodeá-lo e agora sem qualquer ideia de onde está a bola, aquilo que mais importa para um praticante deste desporto (“keep your eye on the ball”, ouvimos em outros filmes), representando aqui o foco do presidente, disperso por sua própria culpa.
Voltemos um pouco atrás. Como foi que W se transformou em Presidente dos EUA, era esta a pergunta que Oliver Stone lançava durante a campanha publicitária. É esta a estória que vemos ao longo das cerca de duas horas de filme. Nada que seja novidade, dada a extensa bibliografia já dedicada a George W. Bush, mas não deixa de lá estar quase tudo: o alcoolismo, a dificuldade em manter um emprego e, sobretudo, o tratamento que os amigos lhe davam como “rei da festa”, “macho-alfa” devido às relações familiares. O dificil relacionamento com os pais não deixa também de aparecer, assumindo principal importância a forma como W e “Poppy” Bush se relacionam. George Herbert Walker Bush é a antítese do filho. Ou melhor, o filho é a antítese do pai. Contraste procurado pelo próprio filho numa busca Edipiana de sair da sombra do pai, na tentativa de o superar e ultrapassar o mandato unico do pai como presidente. É tanto mais significativo então, o confronto entre os dois, durante um pesadelo de W, na sala oval da Casa Branca. Aqui nos é revelado outro dos segredos da familia Bush, que não é assim tão segredo: era a Jeb, e não George W, que estava a ser preparado o terreno para ascender à presidência, com “Poppy” a acusar W de destruir, em 8 anos, o nome da familia Bush.
Oliver Stone decidiu transpor para a forma cinematográfica a ascensão ao cargo de homem mais poderoso do mundo com relativa simplicidade, deixando o tom de sátira política presente apenas nas subtilezas da bando sonora, assumindo desta forma as declarações e actos das personagens principais como sátira reflexiva, uma espécie de conceptualidade na paródia que o é sem que os seus causadores se apercebam que a estão a fazer.
Quem é então George W. Bush? O filme de Oliver Stone abstém-se de traçar uma definição final, mas deixa algumas pistas. Ao longo das analepses é-nos dado a conhecer um homem comum, na corrente actual da narrativa vê-mos essa mesma pessoa, mas com poderes para ordenar a invasão de um estado independente e é talvez esse o traço definidor de W: um homem comum, que nunca deveria ter tido poderes tão alargados, em ultima análise, que nunca deveria ter sido eleito.
Apoiado numa linha temporal não-linear, o filme inicia-se, literalmente, dentro da cabeça de W. Durante uma reunião de preparação da guerra do Iraque, George vai ao seu lugar seguro: um estádio de basebol vazio onde ele é a estrela. Simbolicamente não poderia ser escolhido melhor local para que W se sentisse à vontade. O tem o som de aplausos ruidosos e W é o unico jogador em campo a apanhar a bola decisiva que decide o encontro, no entanto, algo está errado. O estádio está vazio e mais nenhum jogador está em campo. W acaba de ganhar um jogo sem qualquer concorrência e sem nínguem a ver. No final do filme, voltamos ao mesmo estádio, com W a tentar fugir dos problemas de uma guerra sem fim à vista, mas desta vez já nem a bola está no estádio. De certa forma, George W. Bush é isto mesmo: um jogador de basebol sem público, sem companheiros de equipa ou adversários a rodeá-lo e agora sem qualquer ideia de onde está a bola, aquilo que mais importa para um praticante deste desporto (“keep your eye on the ball”, ouvimos em outros filmes), representando aqui o foco do presidente, disperso por sua própria culpa.
Voltemos um pouco atrás. Como foi que W se transformou em Presidente dos EUA, era esta a pergunta que Oliver Stone lançava durante a campanha publicitária. É esta a estória que vemos ao longo das cerca de duas horas de filme. Nada que seja novidade, dada a extensa bibliografia já dedicada a George W. Bush, mas não deixa de lá estar quase tudo: o alcoolismo, a dificuldade em manter um emprego e, sobretudo, o tratamento que os amigos lhe davam como “rei da festa”, “macho-alfa” devido às relações familiares. O dificil relacionamento com os pais não deixa também de aparecer, assumindo principal importância a forma como W e “Poppy” Bush se relacionam. George Herbert Walker Bush é a antítese do filho. Ou melhor, o filho é a antítese do pai. Contraste procurado pelo próprio filho numa busca Edipiana de sair da sombra do pai, na tentativa de o superar e ultrapassar o mandato unico do pai como presidente. É tanto mais significativo então, o confronto entre os dois, durante um pesadelo de W, na sala oval da Casa Branca. Aqui nos é revelado outro dos segredos da familia Bush, que não é assim tão segredo: era a Jeb, e não George W, que estava a ser preparado o terreno para ascender à presidência, com “Poppy” a acusar W de destruir, em 8 anos, o nome da familia Bush.
Oliver Stone decidiu transpor para a forma cinematográfica a ascensão ao cargo de homem mais poderoso do mundo com relativa simplicidade, deixando o tom de sátira política presente apenas nas subtilezas da bando sonora, assumindo desta forma as declarações e actos das personagens principais como sátira reflexiva, uma espécie de conceptualidade na paródia que o é sem que os seus causadores se apercebam que a estão a fazer.
Quem é então George W. Bush? O filme de Oliver Stone abstém-se de traçar uma definição final, mas deixa algumas pistas. Ao longo das analepses é-nos dado a conhecer um homem comum, na corrente actual da narrativa vê-mos essa mesma pessoa, mas com poderes para ordenar a invasão de um estado independente e é talvez esse o traço definidor de W: um homem comum, que nunca deveria ter tido poderes tão alargados, em ultima análise, que nunca deveria ter sido eleito.
05 novembro 2008
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